Paciente no Pronto Socorro morre após esperar três dias por transferência
Assistido da Fundação Padre Emílio Immos tinha 35 anos e estava internado vítima de um problema cerebral; diretora da Gamp nega omissão de socorro
Da Redação
Um homem de 35 anos, assistido da Fundação Padre Emílio Immos, morreu na quarta-feira, 18, após esperar transferência por três dias para uma unidade médica especializada. H.L.M. foi levado às pressas ao Pronto Socorro (PS) de Avaré após ter sofrido um problema cerebral.
Segundo denúncia recebida pela Comarca, o homem foi internado no Pronto Socorro às 13h48 de domingo, 15, e, devido ao seu estado clínico, foi posto para aguardar vaga para ser transferido para hospitais de referência da região. Ainda segundo informações, ao dar entrada no PS, o atendimento teria sido demorado e pessoas ligadas ao paciente e alegam uma suposta omissão de socorro por parte dos médicos.
Segundo a Comarca apurou, sem vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa, o homem foi internado no setor de observação do PS à espera de autorização da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) para ser transferido, o que acabou não ocorrendo até a quarta-feira, quando sua saúde se complicou e ele veio a falecer.
Segundo informações, o problema de saúde do paciente só poderia ser tratado por um neurocirurgião, especialidade em falta em Avaré. A cidade conta com apenas dois médicos dessa área, mas eles são neuroclínicos.
EXCLUSIVO – A reportagem teve acesso com exclusividade a documentos que atestam que às 17:46, ou seja, cerca de 4 horas após dar entrada na unidade, o Pronto Socorro de Avaré solicitou, por meio da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde, uma vaga para que o paciente fosse transferido. No entanto, segundo consta, durante os três dias a equipe do PS não obteve resposta da solicitação. Até mesmo um promotor de Justiça chegou ir até o local. Mesmo assim, o problema não foi solucionado.
Sem a transferência, o homem acabou vindo a óbito exatamente às 17:35 de quarta-feira, 18. Segundo a declaração de óbito, ele teria morrido em decorrência de uma hipertensão intracraniana, que é o aumento da pressão do crânio causado pelo inchaço do cérebro ou da quantidade de líquido devido a tumor, hemorragia, infecção, AVC ou efeito colateral de remédios.
SEM OMISSÃO – A Comarca entrou em contato com a representante da Gamp, empresa responsável pelos serviços médicos do Pronto Socorro, Marluce Pereira. Em entrevista ao jornal, ela afirmou que todos os médicos teriam realizado os procedimentos e negou a omissão de socorro. “Não houve omissão de socorro de forma alguma. Os médicos prestaram todo o atendimento possível e estávamos aguardando a central de regulação autorizar a transferência”, destacou.
Marluce acrescentou ainda que os exames necessários foram realizados e culpou a Unesp de Botucatu pelo caso. “Entramos em contato com a Unesp e falamos sobre o caso. Eles nos pediram que enviássemos a imagem da tomografia para fazerem uma pré-análise e nisso eles acabaram decidindo que não precisava ser transferido”, destacou. “Em relação à parte médica, tudo foi feito para salvar a vida do homem, mas ele infelizmente acabou falecendo”, acrescentou.
O caso deve ter novos desdobramentos e, segundo informações, o caso poderá ser levado à Justiça para apuração de responsabilidades.