DestaqueGeralFotos denunciam o abandono do patrimônio ferroviário na região

Imagens exibem vagões tomados pelo mato e total descaso de governantes
A Comarca26 de setembro de 20205 min
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Lewi Moraes, fotógrafo da agência inglesa Nature World Pictures, que passa temporadas em Avaré, produziu nas últimas semanas uma série de imagens do patrimônio ferroviário, cujas peças estão em avançado estado de abandono. Ele as publicou nas redes sociais porque se entristece com esse cenário. “Próximo ao pátio de Botucatu os vagões abandonados vão sendo engolidos pelo mato”, lamenta.

Na opinião de Moraes as autoridades da região deveriam se empenhar para revitalizar o espaço até mesmo com a reativação de linhas com trens turísticos. “É uma pena. Há vagões hoje quase imperceptíveis no meio do mato e alguns vão sendo cortados”, observa. “Os pátios das estações da velha ferrovia são, hoje, cemitérios de locomotivas e vagões enferrujados”, acrescenta.

Numa de suas fotografias Lewi Moraes expôs a carcaça do que foi uma locomotiva. “Será que ninguém pode fazer alguma coisa para conter tanto abandono?”, questiona. Entretanto o fotógrafo internacional também clicou o que já foi recuperado entre os bens da ferrovia em Botucatu. “Ainda bem que a estação ferroviária foi restaurada e manteve seu estilo original. No local há felizmente espaços destinados aos praticantes de ferromodelismo para conservação da memória ferroviária. É um exemplo de como é possível preservar”, ponderou.

CRISE NO SETOR – Após obter a prorrogação da concessão da Malha Paulista até 2058, a Rumo S.A. anunciou a devolução da Malha Oeste, onde operava e que integra o trecho da antiga Estrada de Ferro Sorocabana desativada entre Botucatu e Presidente Epitácio.

Essa medida, segundo o jornalista santa-cruzense Aurélio Alonso, pode forçar nova licitação dessa malha pelo Ministério dos Transportes, mas uma questão ficará em aberto: a nova concessionária vai ativar todo o trecho, considerado deficitário?

A Rumo emitiu comunicado para que seja feito processo de relicitação. A Malha Oeste foi a primeira a ser concedida à iniciativa privada em março de 1996 no trecho entre Bauru e Corumbá e, em 2003, foi anexado o trecho Bauru a Mairinque, quando veio junto o trecho de Botucatu, Ourinhos, Assis e Presidente Epitácio, sob concessão da América Latina Logística (ALL).

O imbróglio vem desde o processo de privatização das ferrovias na gestão de Fernando Henrique Cardoso. A região de Presidente Prudente chegou a liderar movimento para que a ferrovia fosse reativada, devido a ligação a Presidente Epitácio. A então concessionária ALL alegou não ter interesse na época por ser deficitário”, relata Alonso.

COLABOROU GESIEL JR.

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